Pela minha prática e vivência, encontrei três passos fundamentais no processo de desenvolvimento pessoal. Por si só não fazem magia e podem até ser redutores, mas imbuídos numa ótica de melhoramento pessoal e na busca do nosso melhor self (com tudo o que de pior também temos) podem ser centrais.
Consciência
Nada se faz sem se saber que tem de ser feito. E sim, estou a pôr de parte movimentos automáticos. Na ótica da evolução pessoal, se queremos melhorar algo, seja a nossa relação connosco, a forma como olhamos para a nossa história ou sermos melhores pessoas, temos primeiramente de saber o que temos para afinar e quais são as nossas limitações. E não só! Temos também de saber o que temos dentro da nossa caixinha de ferramentas. Esta caixinha tem os nossos recursos, as nossas capacidades ou qualidades que nos permitem agir perante os desafios.
A tomada de consciência pode incluir de facto muita coisa! E se de facto precisamos de redescobrir as nossas ferramentas para as batalhas mais duras, temos de saber quais são então os nossos desafios. Às vezes não é fácil, pode até ser bastante duro, pois temos de olhar para os nossos erros, os nossos traumas, as nossas dificuldades… Mas se queremos prosseguir e fazer algo, temos mesmo de levantar o tapete e ir tomando consciência do que fomos acumulando por ali ao longo dos tempos. E como fazemos isso? Para além da psicoterapia, este processo pode ocorrer através da introspeção, reflexão ou insight (aquele momento ahhhh!!!). Meditação é sempre uma boa ferramenta, a par do questionamento interno (não obsessivo!) ou do centramento, de que falarei de seguida.
Centramento
O centramento é voltar ao centro, sendo que aqui o centro seremos nós. Não é uma postura isolacionista nem egoísta, é simplesmente olhar para dentro aceitando aquilo que é (que no momento não pode ser de outra forma) e poder estar com isso de uma forma tranquila e pacificada. Centrados podemos ter uma postura saudável e dar uma mirada interna àquilo que existe dentro de nós: lágrimas, risos, pessoas que nos ajudaram, pessoas que nos fizeram mal, experiências… No fundo a nossa história e a perceção que temos dela.
E como fazer isso? Uma possibilidade é: respirando. Simples? Pode não ser! A respiração também conta a nossa história e podemos ter uma respiração presa, sôfrega, superficial, ou as três juntas. Respirar profunda e livremente pode ser desafiante, mas ao fazê-lo poderás entrar em contacto contigo de uma forma mais profunda. Experimenta, pouco a pouco! Com o hábito esta respiração livre torna-se automática e permite-te sentir mais e melhor, ou seja, de uma forma mais conectada e saudável.
Compaixão
Nós somos seres sociais. Podemos ser mais ou menos introvertidos, mas somos tendencialmente sociáveis e vivemos em sociedade ou comunidade. Para além disso, a maior parte dos temas fraturantes que chegam à terapia envolvem relações, sejam familiares, amorosas ou com o próprio. Então a compaixão é um tema muito importante, pois para além de ser uma das qualidades do coração, é estar com-paixão, ou seja, estar com um sentimento benévolo perante o outro ou, no caso da autocompaixão, perante nós.
Sim, a autocompaixão também existe e é invariavelmente esquecida. É importante ter empatia pela dificuldade do outro, ter esse sentimento benévolo, mas muitos se esquecem de o ter por si próprios. Em atos de verdadeira violência para si próprias, muitas pessoas esquecem-se de si. Não se cuidam, maltratam-se verbal e psicologicamente, mas também fisicamente através da alimentação, desrespeito pelos limites do corpo, entre outros. Identificas-te ou alguém que conheces? Se sim, e agora, o que fazer? Através da psicoterapia podemos olhar para isto e encontrar estratégias para mudar este “sintoma” em para além disso, encontrar a origem ou a fonte que te trouxe a esta má relação contigo.
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