Já te deste conta que as pessoas por quem te sentes atraída/o têm semelhanças? Muitas vezes ouvimos falar num padrão. Um tipo de pessoas que surgem ao longo vida e que, invariavelmente, trazem sofrimento. Na realidade, o que está por detrás deste padrão é a procura de algo familiar. Inconscientemente, as pessoas procuram nas relações adultas algo semelhante ao que viveram no seu crescimento. É mais do que procurar a mãe ou pai numa relação amorosa adulta. É escolher alguém que nos faz sentir, no presente, de forma semelhante ao que nos sentíamos no passado. E se nos fizeram sentir mal, vamos procurar alguém que faça sentir o mesmo. Ou seja: vamos à procura de alguém que nos faça sentir o que sentimos com determinado progenitor (ou cuidador) por forma a repetir os mesmos desafios e assim elaborar os mesmos comportamentos, na expetativa de mudar a história.
E tu dizes: isso é estranho, não? Nem por isso, porque o que está por detrás destes comportamentos é a procura de algo que já conhecemos bem. O conhecido e familiar é seguro, aparente e enganosamente. Mas assim são os padrões inconscientes.
Quando o casal conjuga padrões familiares, ou seja, encaixam que nem uma luva, a sensação é muito poderosa e apaixonante! O problema é quando esses padrões são disfuncionais ou não saudáveis. Como diz Robin Norwood: esses padrões comportamentais encaixam como as peças de um puzzle. E é difícil de “desencaixar”.
Então, estamos condenadas/os a repetir sempre os mesmos erros?
Não. E é por isso que estás aqui, neste momento, a ler este texto. Algo não encaixa e estás à procura de respostas, de informações. É assim que começa a mudança. Através da tomada de consciência, que se vai ampliando e que te vai informando sobre esses padrões, sobre as repetições que tens vivido.
É com essa tomada de consciência que podes perceber o teu próprio padrão: qual é a tua história? Porque é que chegaste aqui? Já não é cliché da psicoterapia: está comprovado que as experiências prévias da infância e adolescência (e também gravidez!) afetam a vida futura. Particularmente as relações com os pais (ou ausência delas) afetam as relações que temos enquanto adultos. Isto não desresponsabiliza os outros que te fazem ou fizeram sofrer. Importa agora é colocar a tónica na possibilidade de mudares o teu rumo.
Na viagem pela tua história com a tua família, importa perceber que papel adotaste e qual a ponte para o presente. Foste a/o bem-comportada/o para chamar a atenção? Será que agora, na relação presente tentas fazer tudo bonitinho para continuar a chamar a atenção, sem sucesso? Trocaste de papéis e foste tu o cuidador/a de algum adulto? E será que agora estás numa relação com alguém dependente que precisa de alguém que cuide dele/a? Outra possibilidade: será que as circunstâncias da tua vida te levaram a ser a/o rebelde que fugia de casa? E agora tens uma relação que sabotas com os teus comportamentos rebeldes?
Este caminho de tomada de consciência e mudança de padrões pode ser facilitado com a ajuda da psicoterapia, seja individual ou de casal. Clica aqui para contactar comigo.
Para ler mais sobre este tema aconselho o livro “Mulheres que amam demais” de Robin Norwood.
Foto: The HK Photo Company de Unsplash