No passado dia 1 de Novembro, estive em Sintra a facilitar o workshop aberto “Transições – Como lidar com Mudanças”, com o objetivo de divulgar a Psicoterapia Corporal em Biossíntese. Deixo aqui o resultado da entrevista feita pela Sintricare, para perceber melhor como as mudanças nos podem afetar.
Considera que, hoje em dia, há uma dificuldade real em gerir e lidar com o que é novo? Na sua opinião, por que razões?
Sim, para a maioria das pessoas é difícil. O que é novo pode não ser conhecido. Vejamos o seguinte exemplo: eu posso mudar de emprego, ganhar exatamente o mesmo e ter as mesmas funções e responsabilidade. Mas vou ter um chefe novo, colegas diferentes… Onde para alguns esta é uma oportunidade, para outros é gerador de ansiedade! E também não podemos esquecer que as pessoas com um perfil mais rígido e controlador sentem mais esse desafio do desconhecido. O enfoque necessário é perceber que somos todos diferentes, cada um com a sua particularidade, e enquanto para alguns os novos desafios são ótimos, para outros são fonte de ansiedade e stress. E mesmo dentro dos que sentem mais estas dificuldades, cada um sentirá de maneira diferente e cada um terá as suas estratégias ou poderá encontrar ferramentas diferentes para lidar com isso.
Que repercussões tem, para o dia-a-dia, a forma como gerimos as transformações que ocorrem na vida?
Muitas! Porque lidar com aquilo que sai da rotina e que nos transmite segurança pode ser muito drenante a nível físico ou energético. E mesmo os próprios mecanismos e estratégias que desenvolvemos podem ter consequências. Quando, por exemplo, tendemos a “engolir” as nossas emoções para irmos para o mundo, esta contenção pode ter consequências psicológicas e físicas (somatização). Por outro lado, quando aprendemos a gerir as transformações que ocorrem na vida de uma forma mais tranquila, aceitando o que surge, os efeitos serão muito mais positivos e apaziguadores.
Qual é a perspetiva / abordagem da psicoterapia corporal em Biossíntese para lidar melhor com as mudanças?
Existem inúmeras ferramentas que podemos enumerar, principalmente relacionadas com o processo de desenvolvimento pessoal, associada a esta psicoterapia. Este é um processo de alterações a nível da nossa estrutura que demoram tempo e que têm o seu próprio processo. Ainda assim, a possibilidade de nos observarmos nesses momentos, ganhando um maior autoconhecimento, pode ser um ponto de partida. A par desta possibilidade, podemos fazer algo que parece ser simples: respirar. Quando estamos mais afetados ou ansiosos, temos uma respiração tendencialmente mais superficial. Se estivermos muito tristes e não quisermos chorar, por exemplo, sabemos que se respirarmos fundo, podemos quebrar e o choro vai surgir. Então o convite é que, nestes momentos de mudanças, possamos parar, estar connosco, e respirar um pouco, mas profundamente. Este movimento vai criar espaço e tempo, e estes dois elementos são essenciais quando somos mais impulsivos e agimos sem pensar, ou até mesmo mais emotivos, ficando na emoção sem tomar uma decisão ou ação.
Considera que o workshop aberto, realizado na Sintricare, para divulgar a Psicoterapia Corporal em Biossíntese, atingiu os objetivos previstos? Porquê?
Apesar de ser um workshop de curta duração, o objetivo era o de deixar algumas sementes, permitindo que as participantes pudessem levar algo com elas. Considero que foi possível, principalmente através das partilhas que muito enriqueceram a dinâmica de grupo e energia que se estabeleceu.