- Se o meu amigo me ouve, para quê ir a um terapeuta?
Por muito bons ouvidos que um amigo tenha, e sem descurar a sua importância, é por vezes difícil não fazer julgamentos. O terapeuta não está na nossa rede familiar e de amigos, está ali por nós e para nós, mantendo sempre a isenção e promovendo uma relação de empatia mas que não poderá ser de amizade. O terapeuta é uma pessoa isenta, com quem se vai estabelecer um contrato terapêutico e que, mediante a utilização das suas ferramentas e conhecimento, poderá fazer muito mais do que escutar.
- Não sei se tenho dinheiro para fazer psicoterapia, não é caro?
Existe atendimento no formato de “clínica social”, pelo que as consultas podem ter um valor diferenciado, de acordo com os rendimentos da pessoa.
- O que é o processo terapêutico e o que é que o terapeuta faz por mim?
Na psicoterapia, o papel do terapeuta é acompanhar e segurar, tão levemente quanto possível, um fio que não é dele. Quem tira os nós e os arruma em novelos é o cliente, e permitir isso é dar seguimento ao processo terapêutico. Ao acompanhar, o terapeuta permite que o processo seja uma pertença do seu cliente. Poderá de facto, em alguns casos, ter um papel tão importante como um maestro, mas a grande orquestra e a afinação dos instrumentos será sempre um trabalho do cliente.
- Psicoterapia corporal: vou ter de me mexer e fazer exercício?
Não necessariamente. O facto de ser corporal indica que o corpo está incluído e, apesar de existirem exercícios corporais que podem ser feitos, para algumas pessoas o toque ou o movimento pode não ser a melhor estratégia. Esta é uma psicoterapia que vê o indivíduo como único e por isso uma das suas grandes máximas é: o que é bom para um pode não o ser para outro. Enquanto que para uma pessoa será bom fazer algum tipo de relaxamento, para outra será melhor meditar, caminhar ou apenas falar, durante a sessão.
- Quanto tempo demora?
Uma sessão demora entre 50 a 60 minutos e inicialmente deverá ter uma periodicidade semanal para criar uma relação de confiança entre o terapeuta e o cliente. Em relação à duração do processo em si, dependerá de caso para caso e do pedido de cada um (e motivo da consulta), sendo que é importante recordar que estes processos levam o seu tempo, principalmente porque esta terapia se foca muito no auto-conhecimento e desenvolvimento pessoal.
- A psicoterapia não é para os loucos ou deprimidos?
Não. Embora os primórdios do desenvolvimento da psicoterapia se tenham focado na doença mental e na compreensão e minimização dos seus sintomas, hoje em dia é vista e utilizada por pessoas muito variadas que não têm de apresentar uma disfuncionalidade.
- E receitam medicamentos?
Os psicoterapeutas, a par dos psicólogos, não receitam medicação mas podem acompanhar pessoas medicadas.
- E vou ter de contar todos os meus segredos? O terapeuta não vai achar que não sou normal?
O cliente gere sempre o que quer dizer e não tem porque chegar à primeira consulta e colocar tudo sobre a mesa. O que se pretende é que, no evoluir da relação, o cliente possa se sentir à vontade para ir colocando a sua história e também as suas questões com o intuito de desenvolver cada vez mais o seu processo e de contribuir para o seu próprio caminho. Mais uma vez, o terapeuta não julga a pessoa que chega com toda a sua bagagem, seja ela de que peso for.
- O que é que acontece durante uma sessão?
Pode acontecer muita coisa ou pouca coisa. Tudo dependerá da pessoa, do terapeuta, da altura de vida em que ambos estão ou das necessidades do cliente. E cada sessão será necessariamente diferente da anterior pois a forma como estamos e aquilo que acontece na nossa vida afectará directamente a sessão. Uma sessão tranquila e pouco movimentada pode se traduzir num turbilhão interno, e o contrário também pode ocorrer: uma sessão cheia mas que não se traduz em nenhum movimento interno. Por isso é que também apreciamos a máxima de que, para alguns casos, menos é mais. Tudo está sempre dependente da unicidade de cada indivíduo.
- E o que eu digo vai ser partilhado com alguém?
O consultório é um lugar seguro regido pelo sigilo e confidencialidade.