FOMO: Quando até a galinha da vizinha parece mais feliz

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FOMO: Quando até a galinha da vizinha parece mais feliz

A influência do FOMO na Saúde Mental

O que é FOMO?

O termo FOMO, acrónimo de “Fear of Missing Out” (medo de estar a perder algo), refere-se à ansiedade social caracterizada pela perceção de que os outros estão a viver experiências mais gratificantes das quais não se participa. É a sensação de não estar presente, a viver algo que supostamente será satisfatório. Este fenómeno tem sido amplificado pelo uso intensivo das redes sociais, onde a exposição constante a momentos selecionados da vida alheia pode gerar sentimentos de exclusão e insatisfação. É algo que tem estado em voga e que é muito abordado hoje em dia uma vez que muitas pessoas se identificam com este conceito.

Como o FOMO afeta a saúde mental

Vários estudos indicam que este fenómeno está associado a diversos sintomas psicológicos negativos, incluindo:

  • Aumento da ansiedade e depressão: A constante comparação com a vida idealizada dos outros pode gerar uma sensação de fracasso e de se ser insuficiente. As redes sociais tendem a mostrar apenas os melhores momentos, criando uma ilusão de felicidade ou satisfação constantes e  que podem levar à frustração. Esse ciclo de comparação pode intensificar a ansiedade, pois a pessoa sente que precisa de estar sempre a acompanhar tudo, não pode perder nada. Pode também contribuir para estados depressivos ao reforçar a ideia de que a sua vida é menos interessante ou bem-sucedida.
  • Diminuição da autoestima: A perceção de estar a “ficar para trás” pode afetar a autoconfiança e gerar um sentimento de incapacidade. O FOMO pode levar as pessoas a questionarem as suas escolhas de vida, sentindo-se insuficientes ou inadequadas por não atingirem os mesmos marcos ou experiências dos outros. Essa comparação constante pode desgastar a autoestima e reforçar crenças limitadoras sobre o próprio valor e capacidade.
  • Uso excessivo das redes sociais: Numa tentativa de se manter atualizado e evitar a sensação de exclusão, muitas pessoas desenvolvem um consumo compulsivo das redes sociais. Esse comportamento pode levar a um estado de hiperconectividade prejudicial, onde o tempo passado online interfere com as relações interpessoais, produtividade e até com a qualidade do sono. A necessidade de verificar constantemente notificações, publicações e histórias dos outros pode tornar-se viciante, criando um ciclo vicioso em que a pessoa se sente cada vez mais dependente do digital para se sentir integrada. Refira-se que o excesso de uso dos smartphones está também associado a consequências físicas negativas, tais como dores, tendinites ou problemas de visão, entre outros.

Além disso, o FOMO pode influenciar comportamentos impulsivos, como investimentos financeiros arriscados ou participação em atividades apenas para “acompanhar” os outros, sem uma reflexão adequada.

Estratégias para gerir o FOMO

Para mitigar os efeitos do FOMO na saúde mental, considere as seguintes abordagens:

  • Autoconsciência: Reconheça os gatilhos que despertam sentimentos de exclusão e reflita sobre a sua origem.

  • Limitação do tempo nas redes sociais: Estabeleça períodos específicos para verificar as redes e evite o uso excessivo.

  • Prática de mindfulness: Exercícios de atenção plena podem ajudar a focar no presente e reduzir a ansiedade relacionada ao FOMO.

  • Valorização das próprias experiências: Concentre-se nas suas realizações e momentos de alegria, em vez de se comparar constantemente com os outros.

  • Desenvolver outras atividades: Reflita sobre outras atividades ou hobbies que possa fazer em vez de pegar no telemóvel e que sejam mais saudáveis, como por exemplo, ler, fazer caminhadas ou meditar.

Conclusão

O FOMO é um fenómeno crescente na sociedade contemporânea, intensificado pela omnipresença das redes sociais. Reconhecer e compreender este comportamento é o primeiro passo para minimizar o seu impacto na saúde mental. Ao adotar estratégias conscientes, é possível reduzir a ansiedade associada e promover um bem-estar psicológico mais equilibrado.

Foto de Rodion Kutsaiev em Unsplash

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