PSICOTERAPIA CORPORAL

O Urso e a sua ansiedade

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O Urso e a sua ansiedade

A ansiedade é um peso que nos agarra, que nos aperta e que não nos deixa respirar. É como um urso que não mata mas fica agarrado a nós de uma forma sufocante. É difícil domar este urso, fazer amizade com ele. Ele não nos olha na cara, apenas sentimos que ele está lá, sentimos o aperto na barriga, o peso do seu bafo nas nossas costas, cansadas que estão de o carregar.

Este urso é também invisível para os outros, o que faz com que, por vezes, este aperto seja só nosso. Quase ninguém o vê. Os que o vêem têm uns óculos especiais e apenas encontram um gatinho dócil, a ronronar. São os óculos da sua vida, que não permitem ver a realidade de quem está acompanhado por este urso. Dizem que isso passa, que não é assim tão mau, que há coisas piores. Temos o urso agarrado, pesando as nossas costas e ouvimos: o urso um dia vai embora, o urso até é meigo! Podia ser uma baleia! Mas ninguém sabe o verdadeiro peso do nosso urso.

Não existem antídotos fáceis para o urso, mas o primeiro passo de travar conhecimento com ele é muito importante. Poder dizer-lhe baixinho: “eu sei que estás aí”. Tomar consciência do seu peso, de como nos abraça, para que, um dia, ele comece a ficar mais pequeno. Talvez tenhamos de carregar este urso a vida toda, mas se os seus braços forem mais curtos e mais leves, talvez seja possível respirar mais e melhor. E não há nada como um bom suspiro, conectado, para que o urso encurte os seus braços. E um dia (quem sabe um dia!) talvez seja possível olhá-lo nos olhos. E aí será possível acarinhá-lo, perceber porque é que ele veio até nós e conviver com ele, quem sabe!

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