Existem alguns mitos que ensombram por vezes o processo de psicoterapia. Vamos visitar alguns deles!
- A psicoterapia é para os malucos!
Na realidade, e cada vez mais, a psicoterapia (e principalmente dentro das psicoterapias humanistas) tem tido um papel fundamental em pessoas que não sofrem de uma doença mental, mas sofrem na sua vida. Todos passamos por fases mais difíceis ou até mesmo disruptivas. A forma como cada um lida com isso é diferente, e por vezes, apesar de termos em nós tudo o que precisamos, não conseguimos aceder à nossa valiosa caixa de ferramentas. Esta caixa é única e muito especial, e todos temos a nossa. A psicoterapia também ajuda a identificar o que está dentro dela. Há também um papel preponderante no autoconhecimento e desenvolvimento pessoal, uma vez que nestes processos, o indivíduo pode olhar para dentro de si e tomar conta de todo um mundo interno que por vezes grita para ser ouvido.
E outras vezes apenas precisamos de ter alguém que nos olhe, que nos oiça e que não nos julgue… Por isso não, a psicoterapia não é para os malucos.
- Se faço psicoterapia, demonstro que sou fraco e que não sei lidar com os meus problemas.
Pedir ajuda não é um passo de fraqueza mas de muita coragem. A própria decisão de fazer psicoterapia e ir a uma primeira consulta é um passo muito importante que pode antever uma revolução interna. Num mundo de aparências onde todos temos de demonstrar que estamos bem, torna-se difícil admitir que não estamos bem e que precisamos de ajuda. Mas tal como uma perna partida precisa de gesso e muito descanso (e está à vista de toda a gente), uma enorme tristeza ou ansiedade também precisam de cuidado. A questão é que todos compreendem a perna partida e a vêem – “foi um acidente”, dizemos nós. Mas o que se passa dentro de nós de sombrio, assustador, nós queremos esconder, tapar e fingir que não existe. E isso nunca é uma boa solução. É como varrer para debaixo do tapete…
- Fazer psicoterapia é caro!
Como em tudo, fazer psicoterapia requer um investimento, até porque nas primeiras visitas é aconselhável que as consultas sejam semanais. Ainda assim, se for o terapeuta certo e se o processo der frutos, este é um investimento precioso, pois na realidade o indivíduo investe em si próprio.
Alguns locais ou psicoterapeutas fazem atendimento em formato de clínica social, onde, com base nos rendimentos de cada um, o valor da consulta é ajustado.
- Eu tenho muitos amigos com quem falar, não preciso de fazer psicoterapia!
Claramente que estarmos rodeados por pessoas que gostam de nós, que nos ouvem quando precisamos, é muito importante. Mas se há uma questão mais fraturante a tratar, é fundamental pedir ajuda a um profissional. Na psicoterapia e durante a sessão, o foco é o cliente. Tudo com base no conhecimento do terapeuta, que é um profissional que deve estar sempre a atualizar-se.
- Não quero contar os meus segredos. E tenho medo do que o terapeuta vai pensar de mim.
Não é necessário desvendar todos os seus segredos na terapia, e o psicoterapeuta está preparado para ouvir aquilo que estiver preparado para partilhar. Sem julgamento, num espaço seguro e sem pressas.
- Será que o psicoterapeuta vai contar a alguém o que eu lhe disse?
Este espaço seguro é também um espaço de confidencialidade: tudo o que é ali dito, fica lá.
Foto de Matheus Ferrero em Unsplash