Entre o Natal e o Ano Novo: a terra de ninguém

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Entre o Natal e o Ano Novo: a terra de ninguém

A época entre o Natal e o Ano Novo parece uma terra de ninguém. Não é Natal, mas também ainda não é o começo do novo ano. É uma altura que pode ser estranha, onde o tempo parece dilatar e as rotinas se dissolvem. Podemos trabalhar um dia, no outro não, ou temos férias, mas andamos perdidos. Para além disso, é uma altura que pode trazer desafios emocionais significativos. Acumulam-se expetativas, seja para o Natal, para a noite da transição do ano ou para o ano novo. E também surge a sombra do ano que tivemos versus o ano que queríamos ter tido. Se estamos mais sozinhos, mesmo que rodeados de pessoas, ainda mais mexidos podemos estar, ou se tivermos desafios na nossa saúde mental. E se foi um ano mau, com perdas, ainda mais desafiante pode ser esta fase.

A questão é que somos muito permeáveis àquilo que está à nossa volta, seja nas redes sociais ou no que achamos que é a realidade de alguém próximo. A época é retratada como um momento de alegria, família ou conexão, mas a realidade nem sempre corresponde ao ideal. Conflitos familiares podem vir à tona, sentimentos de perda podem ser mais intensos e a pressão para criar memórias perfeitas pode ser esmagadora. Gerir essas discrepâncias é essencial para preservar o bem-estar.

Para muitas pessoas, esta época é um turbilhão de atividades: compras, preparação de refeições, reuniões familiares e expectativas sociais. Esse ritmo intenso pode resultar em cansaço físico e emocional. Para os pais, especialmente, o Natal significa equilibrar a magia da época com as exigências diárias, como manter as crianças entretidas enquanto gerem o stress acumulado. E, no meio disto, ajudá-las a gerir as suas próprias expetativas.

Reflexão e vulnerabilidade

Com o Natal terminado, surge um espaço vazio antes do Ano Novo. Este intervalo pode trazer uma mistura de alívio e vulnerabilidade. É um momento em que tendemos a refletir sobre o ano que passou — as metas ou objetivos que não foram alcançados, as dificuldades enfrentadas, mas também as conquistas e as aprendizagens. Não esquecer de equilibrar aqui o barco e não nos afundarmos no negativo! Como referi, para quem sofreu traumas ou lida com questões de saúde mental, essas reflexões podem ser particularmente desafiantes.

As crianças, com sua energia e espontaneidade, muitas vezes ajudam a trazer leveza a esse período. No entanto, também precisam de estrutura e atenção. O desafio para os pais é equilibrar a necessidade de descanso com o desejo de proporcionar momentos de qualidade em família.

Cuidar de si

Este é também um momento para cuidar de si mesmo. Isso pode significar desacelerar, definir limites claros para as interações sociais ou simplesmente dedicar tempo a atividades que trazem prazer e relaxamento. Pequenos rituais, como uma caminhada, um banho quente ou a leitura de um livro, podem ajudar a recarregar a energia despendida.

Enquanto o Ano Novo se aproxima, é comum sentir uma pressão para definir resoluções e planos. Mas nem sempre é necessário fazer grandes promessas. Se é o seu caso, permita-se estabelecer metas realistas e significativas, que respeitem o seu ritmo e suas necessidades.

Um convite à compaixão

Entre o Natal e o Ano Novo, a chave pode estar na compaixão — por si mesmo e pelos outros. Reconheça que nem tudo precisa ser perfeito e que é possível encontrar beleza nos momentos mais simples. Afinal, este período é um lembrete de que o tempo de transição também é valioso. Assim como parar, respirar e simplesmente estar.

 

Foto de KT em Unsplash

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