PSICOTERAPIA CORPORAL

Qual é a tua casca de banana?
casca de banana

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Qual é a tua casca de banana?

Todos temos a nossa. É aquela especial, que vemos ali no chão. Está à nossa frente. Sabemos da sua existência, sendo que muitas vezes já é uma velha conhecida. Lembramo-nos dela, do que ela significa, das dores que ficam depois de escorregarmos nela e cairmos no chão.

A casca de banana é aquela situação em que escorregas sempre. Aquela situação que já sabes que te vai afetar e que, de forma ainda automática, não consegues evitar. Por vezes já de forma consciente, vês que está ali, já sabes o que significa, o que implica, as dores da caída, mas não consegues impedir a escorregadela. Pode ser por exemplo quando te sentes invadido por alguém quando te faz uma pergunta. Ou quando vais atrás daquela pessoa que sabes que é tóxica para ti. Quando há algo que fazes que sabes que te vai fazer mal e que não consegues evitar. É como um íman.

Como olhar para esta casca de banana?

Primeiro há que saber que ela existe, que está ali e qual é a situação que ela representa. Mesmo que depois não consigas evitar a escorregadela, o primeiro passo, antes de qualquer possibilidade de evitar a dita, é saber que ela está lá. É perceber o que te atrai a ela, como é que a caída se faz e mais importante: como é que te sentes depois. Onde te afeta? Ficas com raiva? Sentes-te mal contigo próprio/a? Ficas triste? E dás espaço ao que sentes, ou tentas evitar? Levantas-te rapidamente, sacodes a roupa e segues em frente, com o ar de que não se passa nada?

Saber isto não invalida que não vás voltar a escorregar na casca. Porque ficou um movimento automático. O teu corpo, a tua mente, estão a fazer isso há muito tempo. Não será de um dia para o outro que o automatismo desaparece porque, infelizmente, não funciona como interruptor. Temos de ver mais como aquelas luzes que dá para diminuir a intensidade. E é essa a etapa seguinte. Antes mesmo de conseguir evitar a escorregadela, fazer com que a queda seja mais suave ou que a possibilidade de nos levantarmos seja mais rápida, passando menos tempo no chão. E como fazemos isto? Aceitando a situação, evitando guerrear com os nossos automatismos (percebendo que são formas de reagir) e acima de tudo: não nos batermos por ter novamente acontecido. Podemos fazer muito mais, mas isso dependerá da própria situação e, claro, da própria pessoa.

O objetivo é chegar a um momento em que, ao caminharmos na vida, conseguimos ver a casca de banana ao longe. Temos a capacidade de antecipar a sua presença e também a nossa reação, e conseguimos contorná-la sabiamente. Não significa que nunca mais vamos escorregar, que nunca mais vamos ficar afetados ou cair redondos no chão. Significa que acontecerá menos vezes, que quando acontecer não é dramático e o tempo de crise não será o mesmo.

Então, qual é a tua casca de banana?

Foto: Sigmund em Unsplash

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