PSICOTERAPIA CORPORAL

Mudar de sítio (adaptar)

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Mudar de sítio (adaptar)

“Eu aprendi a andar, desde então deixei de esperar que me empurrassem para mudar de sítio” – Nietzsche em Assim falava Zaratustra

Esta frase fala da aprendizagem, fase fulcral mas que ainda nos deixa dependentes. Ainda assim, é o caminho para a independência. Aprender a andar permite-nos ser autónomos. Calcorreamos os caminhos que queremos e criamos o nosso ser. Somos nós que mudamos de sítio, não somos empurrados pelos outros. Mas isto não é real. Porque existem tantas coisas externas que nos empurram, quer estejamos parados ou a andar. Até podemos experienciar situações em que nos empurram de tal forma que nos desviamos da rota. Cruzam-se pessoas connosco cuja presença nos move. Ouvimos um barulho e paramos, viramos a cara para ver de onde vem. Por isso não, não estamos dependentes só de nós para mudar de sítio. Mas estamos dependentes de nós para criar as bases para que consigamos nos mover dançando entre o que é nosso e o que é do outro. Podemos parar, andar ou correr, mas medimos a nossa velocidade. Fará sentido imaginar um conjunto de caminhos que se intercruzam? Ou será mais idílica a imagem de todos no seu caminho sem ver que afinal a estrada não existe?

Falar de autonomia e independência é também falar de relações. O ser humano não é um animal solitário, é um animal social. Indo mais além do que muitos mamíferos, o humano criou laços que duram uma vida. E, para além da complexidade que envolvem estes movimentos, eles trazem, por vezes, muita dor. Mas também podem trazer sorrisos, alegria e vontade de prosperar. Então, como gerir as relações, com todos os seus desafios, a par da nossa própria necessidade de fazer por nós mesmos, na nossa autonomia e independência?

 

Foto de Aaron Burden em Unsplash

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